O século XIX em Portugal foi marcado por um grande número de crianças que eram deixadas nas Misericórdias, principalmente por dificuldades financeiras dos pais, que não tinham condições para as criar convenientemente. Seria com grande dor que o faziam, mas era com o sentimento que era o melhor para a criança. Estas crianças eram, por este motivo, "expostas".
Uma das formas que as Misericórdias tinham de criar estas crianças era entregá-las a uma ama, sendo esta paga por esse serviço.
Nesta imagem temos um exemplo, de muitos, que ocorreu em Penafiel em 1818. Infelizmente a criança acabaria por falecer uma semana depois.
"Pulquéria 7 anos batizada em 12
Rematação da criação da exposta Pulquéria, que apareceu na Roda em 10 de maio de 1818, pelas 8 horas da noite, com um lenço branco na cabeça, embrulhada em uma saia velha azul de tomentos, batizada em 12 do dito, em que por 7 anos a 10.000 reis o primeiro, e os mais a 8.000, lançou Maria solteira do lugar de Alamela, freguesia e subúrbio desta cidade.
Em quinze de maio de mil oitocentos e dezoito, nesta cidade de Penafiel e praça pública dela, pelo Porteiro Manuel José Guimarães, de ordem do Doutor Juiz de Fora desta mesma, Francisco de Sales de Barbosa e Lemos, foi apregoada por sete anos, a criação da menina Pulquéria, que apareceu na Roda desta mesma, em o dia, e com os sinais acima declarados, e deu fé que só Maria solteira do lugar de Alamela, freguesia e subúrbio desta mesma, se oferecia a criá-la pelo dito tempo, à razão de dez mil reis o primeiro ano e os mais a oito, e por não haver quem por menos o fizesse, mandou ele Ministro se lhe entregasse a dita menina, havendo por rematada a dita criação na referida forma, e logo deu menina a mesma ama tomou conta e se obrigou a dá-la, e ao bom tratamento, e por não saber escrever, assinou só ele Ministro com o dito Porteiro José Teixeira da Silva e Sousa.
Faleceu em 22 de maio de 1818, no dito lugar, sepultada na Matriz desta cidade em 23 do dito. Recebeu no livro dos pagamentos folha 220 verso."
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